Demorou algum tempo para que os pescadores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus (RDS PP), no estado do Amazonas, acreditassem que menos pode significar mais. Na verdade, além de tempo, muita pesquisa, pois foi depois de quase sete anos de estudos e diagnósticos que foi possível chegar a uma técnica para a captura do peixe ornamental acará-disco (Symphysodon aequifasciatus), conhecido em todo mundo por sua beleza de cores e excêntrico formato, bastante procurado no mundo do aquariofilia.
“Capacitamos os pescadores e agregamos valor ao peixinho, estabelecendo critérios de captura, armazenamento, transporte e geração de renda . Com todos esses cuidado o produto ganhou qualidade”, explica o biólogo Felipe Rossoni, que desde 2005 trabalha com pesquisa no Programa de Conservação e Manejo de Recursos Pesqueiros do Instituto Piagaçu.
Atualmente o Grupo Experimental de Manejadores de Peixes Ornamentais (GEMPO), formado por dez famílias de três comunidades do Lago Ayapuá , comercializa peixes que antes custavam R$ 0,80 por até R$ 40. Agora, menos peixe capturado é igual a mais renda na comercialização. A pesca, antes desordenada, passou a ser realizada somente na época da vazante (seca amazônica), que no baixo rio Purus quase sempre acontece entre os meses de setembro e novembro. E a mortalidade que beirava até 70% em alguns casos, chegou a 0,5%.
“Este tipo de abordagem – soma de conhecimentos, gestão participativa e empoderamento local das iniciativas – pode ser um grande aliado para a conservação em vários cenários amazônicos, sobretudo em Unidades de Conservação”, completa Rossoni.
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